11 de Agosto de 2021
O futuro da mineração aponta para uma tendência de processos cada vez mais contínuos e automatizados, visando atender o crescimento da demanda global por commodities minerais. A implantação de sistemas automatizados tem aumentado a produtividade das minas, além de proporcionar operações mais seguras, reduzindo a exposição dos operadores aos riscos diários de uma mina. A Mina de Kiruna, na Suécia, se destaca dentre as minas com operações autônomas, liderando a aplicação de tecnologias em subsolo.
Assim, Kiruna destaca-se em termos de mineração autônoma e moderna, além de atuar como campo de testes para diversas empresas fabricantes de equipamentos, como ABB, Epiroc, Combitech e Sandvik. Atualmente, é considerada a segunda maior mina subterrânea e a maior mina subterrânea de ferro do mundo.
No texto de hoje, abordaremos:
A Mina de Kiruna, localizada dentro do Círculo Ártico, no norte da Suécia, iniciou suas operações em 1890, como uma mina a céu aberto, e, em meados de 1950, iniciou-se a transição para mineração subterrânea. A operação, que é conduzida pela empresa Luossavaara-Kiirunavaara AB (LKAB), tem como foco a otimização de processos, contando com sistemas automatizados e ampla aplicação de tecnologia.
Desde a sua implantação, uma extensa infraestrutura foi implantada no local para atender a produção, que girava em torno de 27,5 milhões toneladas/ano de minério de ferro, em 2017. Atualmente, Kiruna minera cerca de 80% do minério de ferro da Europa, o que correspondeu a 27,1 milhões de toneladas, em 2020. Dessa forma, Kiruna é considerada a maior produtora de ferro do continente.
As operações de produção da LKAB estão localizadas, além de Kiruna, em Malmberget e Svappavaara. O minério é extraído das minas subterrâneas da LKAB pelo método de SubLevel Caving (SLC), em larga escala, em subníveis espaçados de 28,5 metros, verticalmente, e, atualmente está a 1.365 metros da superfície.
Neste método, a extração é realizada por meio de subníveis desenvolvidos, regularmente espaçados, no corpo de minério. O SLC é um método altamente mecanizado, em que o minério é perfurado, detonado, carregado e transportado para níveis subjacentes por meio da gravidade. Para saber mais do método SLC, assista esse vídeo.
As usinas de processamento estão localizadas em Malmfälten, para onde o minério extraído é destinado para cominuição, concentração e pelotização. Por fim, os produtos são transportados por via férrea para os portos e distribuídos aos diversos clientes.
Com relação a produção anual em Kiruna, em 2017, cerca de 27,5 milhões de toneladas de minério explotados, produziam 15 milhões de toneladas de pellets. Segundo a LKAB, em 2020, foram produzidos 27,1 milhões de toneladas de produtos de minério de ferro em suas operações.
A mina de Kiruna é reportada como destaque mundial pelo pioneirismo e inovação, principalmente no que tange o uso de equipamentos remotamente controlados. Com esse foco, sistemas digitais são desenvolvidos para as diversas operações do processo produtivo.
Assim, tem-se equipamentos de perfuração, LHDs e vagões, controlados remotamente, amplamente utilizados em Kiruna. A perfuração é realizada por uma unidade de perfuração controlada remotamente, que é operada e monitorada por operadores de uma sala de controle. Além disso, a injeção de explosivo nos furos é realizado por robôs. Após a detonação, LHD’s, transportam o minério extraído, abastecendo os vagões que operam no nível de 1. 365 metros, no subsolo.
Desde 2008, novos métodos foram desenvolvidos para reforço dinâmico de rochas, e novos sistemas importantes para gravação e análise da atividade sísmica foram instalados. Além disso, a LKAB foi pioneira no wi-fi subterrâneo, com o maior sistema do mundo nos dias atuais. Com isso, sistemas de comunicação sem fio foram desenvolvidos previamente, e hoje são usados desde aplicativos para celulares e tablets até caminhões sem motorista. Em suma, Inteligência artificial (IA), realidade aumentada (AR), veículos sem motorista são realidades em Kiruna.
A demanda por equipamentos robustos e automatizados fica a cargo de grandes empresas de equipamentos, como a ABB, Combitech, Epiroc e Sandivik.
A ABB trabalha, principalmente, com eletrificação e entrega de plataformas de automação. Com isso, sistemas eficientes em termos energéticos são implantados nos veículos elétricos, fornecidos pela Epiroc e Sandivik, incluindo soluções de bateria e infraestrutura elétrica flexível. A Combitech atua nas áreas de automação e digitalização da mina. Dentre os equipamentos utilizados, pode-se destacar a perfuratriz Simba, do tipo long hole, e a carregadeira Toro LH625iE, da Sandivik.
As perfuratrizes de furo longo, chamadas de Simba, são usadas em Kiruna, sendo equipadas com múltiplas funções, permitindo a operação remota de várias maneiras. Ainda, contam com sensores para inclinação angular. Além da perfuração de produção nos realces, as Simbas são usadas com sucesso para perfurações dos slots e para algumas perfurações auxiliares. O vídeo a seguir mostra a Simba em operação.
Vale ressaltar que a produção das máquinas de perfuração pode continuar a operar sem operadores durante as mudanças de turno, pausas para almoço e turnos noturnos. Assim, temos que o controle da operação é realizado através das salas de controles.
Por fim, falaremos da carregadeira elétrica de maior capacidade, a Toro LH625iE, da Sandvik. O equipamento foi personalizado para atender a demanda de Kiruna, incluindo melhor eficiência energética, com tecnologia avançada, soluções digitais mais recentes e conectividade inteligente.
Assista o vídeo abaixo para conhecer o funcionamento da carregadeira Toro, da Sandvik.
A LKAB 5.0 é um projeto da LKAB, com foco na construção de um novo padrão mundial para a mineração em grandes profundidades. Visando uma mudança evolutiva, a expectativa do projeto é estabelecer um novo conceito de mina do futuro, livre de dióxido de carbono, digitalizada e autônoma.
O projeto iniciou-se em junho de 2018, seguindo os mesmos preceitos adotados ao longo dos anos, com um foco ainda maior em estar na frente no desenvolvimento tecnológico. Com o aprimoramento dos sistemas de mineração, processamento e logística, a LKAB pretende projetar uma infraestrutura para o futuro, sendo base para um novo sistema de produção em grandes profundidades. Conheça mais sobre o projeto.
Dessa forma, a LKAB em parceria com a ABB, Epiroc, Combitech e Sandvik, visa o desenvolvimento esse projeto industrial para alcançar a meta de uma mina sustentável até 2030, tornando as operações ainda mais tecnológicas e autônomas. Assista aqui, o vídeo da ABB sobre o projeto.
Um exemplo de equipamento projetado pela Epiroc é o Boomer M2, um jumbo de perfuração robusto, movido a bateria.
Após mais de 100 anos de extração de minério nas galerias subterrâneas, Kiruna entrou em um processo de reconstrução. Com os avanços da atividade em profundidade, surgiram rachaduras nas construções e edifícios na cidade de Kiruna, próxima à mina, ocasionadas em decorrência da subsidência do solo.
Em 2014, a cidade começou a ser realocada para uma nova localidade, cerca de duas milhas a leste, e a previsão é que esse processo finde em meados de 2034. Com isso, edifícios serão movidos, elevados e realocados, ou desmontados e reconstruídos. Conheça mais sobre o projeto no vídeo abaixo.
A mina de Kiruna é o principal empregador da cidade, sendo de grande importância para a população. Atualmente, uma parte da população vive na nova cidade, e os planos são de uma mudança atrelada as atividades da mina, de modo que continue gerando empregos, renda e oportunidades para a cidade. Para explorar mais a cidade de Kiruna, clique aqui ou na imagem abaixo.
Em um projeto de tal importância para a cidade e economia local, os envolvidos incluem planejadores urbanos, paisagistas, biólogos, engenheiros civis, peritos em construção e empreiteiras.
Uma exposição no centro nacional de arquitetura e design de Estocolmo (ArkDes), chamou a atenção do mundo ao planejamento urbano de realocação da cidade. A exposição “Kiruna Forever” analisou essa mudança através de mais de 100 obras de arquitetos, planejadores urbanos e artistas. A exposição encontra-se temporariamente fechada, porém parte da exposição pode ser explorada online aqui.
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